julianasantacatarina2

 
registro: 19/06/2015
Carpe diem
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Último jogo

3 tipos de homem.

Se você é solteira ou solteiro, vai entender que perder um orgasmo é um papo muito sério. Pode até parecer bobagem para algumas pessoas. Entretanto, considerando que o clímax com um eventual parceiro não é uma garantia de todo solteiro sempre que rola a vontade (a mãozinha ou o bom vibrador não estão sendo considerados aqui), quando o cosmo resolve colocar duas destas pessoas numa cama (carro, praia, sofá), perder aquele momento de revirar os olhinhos, é um drama colossal. E dentro da minha experiência de relacionamentos mais levianos,  me trazem lágrimas nos olhos lembrar de cada orgasmo perdido, como é o caso dos 3 caras que me fizeram broxar.

#1 Gildo

O Gildo é um cara legal. Ele vai diariamente na academia, que mantem o seu corpinho com todas as curvas no lugar certo. Ele evita frituras, e adora tomar suco verde para “eliminar as toxinas” do templo, que ele chama de corpo. Ele não fuma porque não quer prejudicar seu rendimento – no futebol, no tatame e claro, na cama. O Gildo é um exímio modelo da geração saúde, e ainda que não seja um chato, ele me recrimina por gostar muito de carboidratos.  Ele tem um papo bom, coloca as mãos nos lugares certos, carinhos que me fazem querer ir pra casa mais cedo, para que ele possa colocar as mãos em outros lugares, indignos em público. Ele sabe beijar entre o pescoço e orelha, antes mesmo de chegar a boca. Gildo é daqueles caras que pede para o garçom trocar sua taça de vinho, ao perceber que ela não está bem limpa, dizendo ter pavor de bactérias. “Com esse papo de H1N1 todo cuidado é pouco”, fala enquanto me encara os olhos e alisa o meu cabelo. Ele é educado, articulado e solteiro. “Vamos pra casa?”, ele propõe, e claro, que mulher maluca diria não pro Gildo?

Duas horas depois, descobri que eu sou o tipo de mulher que diria “não” pro Gildo. Tudo começou muito bem, ele investe em preliminares com o afinco de um espião que quer descobrir todas as formas de instigar o meu prazer. Quando estou em ponto de bala, pergunto pela camisinha. Aí Gildo decide que devo lhe chama-lo pelo nome completo:  Desprotegildo. Ele diz que não tem camisinha – o que pra mim não representa um obstáculo, pois eu sou daquelas mulheres que não tem problema em carregar uma na bolsa.  De repente Gildo já não é mais o mesmo cara que se preocupava com bactérias na minha taça de vinho. Alega que está limpo, que fez exames, ainda que não tenha qualquer conhecimento sobre a minha saúde. Diz que aparento saudável, e que sabe que não sou “dessas aí”… (“dessas que transa?”, penso eu).  Ele então me explica que namorou por muito tempo, que teve poucas parceiras, e que sabia que eu era especial. Todos os meus contra-argumentos são desconsiderados pelo Gildo, que só quer saber de colocar seus desprotegildo dentro de mim, enquanto eu reviro os olhos – e não de prazer. Até que ele admite ter dificuldade de gozar com a toquinha, e encerramos a noite com o pior tipo de brochada que se pode ter. Aquela vencida por uma argumentação sem nexo para um comportamento de risco. “Especial” ele disse, como se não houvesse tantas garotas tão especiais como eu por ai.

Tem algo pior que tentar convencer alguém a usar proteção na hora do rala e rola? E por que pessoas querem nos fazer acreditar que aquele é um comportamento pontual e extraordinário? Um argumento ordinário, isso sim, com certeza.

#2 Frota

O Frota fazia o tipo seguro, daqueles caras que cresceram conquistando mulheres. Ele não era o meu tipo, mas a sua confiança me intrigava, eu confesso. Depois de inúmeras investidas do Frota, eis que decidi ceder a sua lábia. Tive certeza que alguém que alegava tantas coisas boas de si mesmo, não podia estar errado em tudo. E pensei que pelo menos na cama, ele focaria mais nas ações do que no discurso. Ledo engano.  Frota, como a própria alcunha indicava, era um gargantão. Quando sentia prazer, Frota urrava, como um animal que avisa os demais que é dono da floresta. Ele fazia barulhos que não conseguia distinguir se remetiam a delícias ou a horrores, em um volume que parecia romper a barreira do som. Tive pena dos meus vizinhos, e odiei as paredes finas do meu apartamento, tanto quanto odiei o show verbal do Frota. Ele usava termos de baixo calão como em um filme pornô de qualidade questionável, ainda que tivéssemos pouquíssima intimidade para o “minha putona”, “cavalga no teu macho”, “Uhhhhhhhhhhhh-HAAAAAAA”. Pronto, e antes que desejasse ser surda, preferi encerrar a sessão prive de o“planeta dos macacos excitados”. Meu tesão foi completamente aquietado pelo barulho do Frota.

Nossa Senhora do Chicotinho, alguém precisa avisar que vocais de filme pornô são bem-vindos apenas na telinha, porque configuram cenas tragicômicas, muito mais do que sexy em qualquer instância.

#3 Caio

O que falar do Caio? O Caio era o tipo de cara que você acredita que finalmente tirou a sorte grande. Ele usava camisinha. Ele não urrava na hora “H” como um porco no matadouro. Ele pensava no seu prazer, e te abraçava até o amanhecer, quando sutilmente sugeria uma transa matinal. Ele é o tipo de cara que te faz torradas e café antes de te levar em casa. Segura a sua mão em todo o percurso, e diz que teve uma noite especial. “Vamos marcar de novo”, ele sugeriu.“Claro – concordei animada – é só pegar meu telefone”. Na ocasião, ele diz que tem o meu telefone, o que me espantou na hora, pois não me lembrava de tê-lo dado. Ele alegou que tinha os seus recursos, e eu acreditei. Ou pelo menos sorri amarelo e fingi que acreditei. Nove dias se passam e Caio não deu sinal de vida. Nem WhatsApp, nem Snapchat, nem inbox, nem e-mail, e juro por Deus, que até na caixa de correio procurei sinais do Caio. Nada. E como boa defensora de que isso não é uma responsabilidade do cara, descobri o contato de Caio e decidi tirar a limpo o seu desaparecimento. Ele atendeu o telefone, e se mostrou constrangido com a minha iniciativa, para um alento ao meu coração, talvez houvesse uma justificativa. Perguntei se algo estava errado, dada a minha percepção que tínhamos divididos bons momentos, seguidos de um completo vácuo. Caio riu sem graça do outro lado da linha, e alegou em tom de brincadeira, “Ah, não me leva a mal não, às vezes eu Caio no mundo mesmo e sumo”.

O Caio me fez gozar na cama, e me broxou completamente no seu pós-venda. E pra mim, pós-venda é tão importante quando a compra.

O Gildo, o Frota e o Caio são personagens ficcionais. Ou não. Eles estão espalhados por aí, disfarçados de bons partidos, entregando não muito mais do que frustrações. E como a boa ponderada que sou, acredito que esses personagens tão lúdicos quando reais, não se prendem a gênero, já que tem muitas Desprotegildas, Feiticeiras e Sumidas por aí. E aqui cabe o meu apelo. Nós, solteiros, temos que nos ajudar, sabe? Se não pelo bem das nossas expectativas, pelo menos em favor dos nossos orgasmos. E orgasmo, eu já disse, apesar das piadas que algumas investidas sexuais se transformam, orgasmo é papo sério.