O céu assume uma cor purpura no horizonte, prenunciando a noite que sai do seu esconderijo engolindo com o escurecer um sol que agoniza, despedindo-se. Mais um dia que vai terminar com o fechar das pálpebras, para adormecer nos lençóis do vento.
Além, onde a neve cai durante horas formando um véu cristalino, o tempo inscreve a sua marca sobre um alcatrão sem idade. Na clareira do céu, um enxame de perseidas, estrelas cadentes de beleza inusitada são embaladas pela claridade da lua. A noite abafa o dia. O meu olhar vira-se para o céu imaginando os segredos da via láctea, um espaço de tranquilidade. Ali, nesse espaço onde os astros contam histórias enquanto a lua no seu quadrante se vai encolhendo, as sombras envolvem de forma suave as florestas e as vozes na escuridão sobem em espiral, o tempo caminha agora como um fantasma esquecido sobre um pêndulo enevoado que luta pelo silêncio.
Envolto pelas trevas, o dia desapareceu.
Acariciado pelo vento que o acompanha de forma carinhosa, sem oferecer resistência antes de em definitivo ficar nas brumas do esquecimento.
Tu escapas como um rio que vai ao encontro do oceano sob a ténue luminosidade de um sonho, vou ao encontro da tua boca de veludo.
Oh flor de delicado perfume, onde um beijo vive em permanente fogo de paixão iluminando o dia, no deserto onde a minha noite se deitou.
É então que a tempestade toma posse dos nossos corpos incandescentes. O amor desenha florestas nos meus desejos primários. É uma miragem que certamente te faz vibrar minha amada, num prazer implantado na bruma furtiva.
E tudo recomeça….com voluptuosidade.
